domingo, 17 de outubro de 2010

OLHA O PRETO!

fanon

É o racista que cria a inferioridade (Frantz Fanon)



O preto é um animal
O preto é mau
O preto é perigoso
O preto é feio
O preto treme porque tem frio
O menino treme porque tem medo do preto

O menino branco atira-se para os braços da mãe:
Mamã o preto vai-me comer…
A roupa do preto cheira a preto
Os dentes do preto são brancos
Os pés do preto são grandes

(“O mundo colonizado
É um mundo cortado ao meio
A linha divisória, a sua fronteira
É indicada pelos quartéis
E pelos postos de policia
É à coronhada, ou com napalm
Que mantêm contacto
Com o colonizado” Condenados da Terra)

Deslizo para os cantos
Fico silencioso
Aspiro ao anonimato
Ao esquecimento
Olhem, aceito tudo
Mas não mais
Reparem em mim
(relato de Frantz Fannon num poema que nunca escreveu!)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

SOBREVIVÊNCIA



ruelas de sobrevivência
espaços de solidariedade
acossados
com muros e ideologias
excludentes
simulacros de paz
aprofundam-se
abismos, desigualdades
miragens , hipocrisia
populismo asqueroso
num mundo sem ideias

sábado, 17 de julho de 2010

INSTANTE ÚNICO

com sol ou com chuva
de dia ou de noite
no norte ou no sul
no território dos afectos
resistimos.
tropeçamos na ternura
de palavras sonhadas
rejeitamos o ódio
ostracizador, mesquinho
irrelevante, acabrunhado
resistimos
povoámos de sonhos
a vida, as nossas vidas
derrubámos muros
capturámos a esperança
resistimos