domingo, 23 de janeiro de 2011

E AGORA?

De que serve estar contra o fascismo – que se condena – se nada se diz contra o capitalismo que o origina?” (Bertolt Brecht)

percorra-se um território,
timidamente habitado
costumes brandos
santas alianças
rituais e obscuras
situacionistas
gerações de arrivistas
atoladas até à medula
na sordidez congénita
pregadores de intolerância
produtores de simulacros
de liberdade
ostracizadores da cultura
anestesistas de consciências
generalizadores do medo

décadas depois,
exalta-se a liberdade
cravos, paz e justiça
social
utopias e sonhos
promove-se o arrivismo
mediático
a ânsia de poder,
o tráfico indecoroso
a especulação
a mentira e a traição
o desemprego, a penúria
a precaridade colectiva
decapita-se a esperança
regressa-se ao passado
disfarçado de presente
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

EMBUSTE



anacronismo plural
disfarçado de cravos
e algemas
a propriedade, os agiotas
os brandos costumes
as terras de além mar
extorsão, fatalismo
a amnésia social


obscenidades ideológicas
reprodutoras de exclusão
exploração sem limites
parasitariamente
burguesmente instalados
mergulhados até às virilhas
na subserviência canina
agitam a cauda e salivam
no altar do Poder
habitados pelo ódio
teóricos da intolerância
populistas como convém


Convocam o autoritarismo
diabolizam tudo e todos
a lucidez, o inconformismo
sindicatos, trabalhadores
desempregados, migrantes
sem abrigo e reformados
vestem-se de anjos
abatem o sonho
elegem a tirania

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