sábado, 6 de dezembro de 2008

DISFARÇADOS DE HERÓIS




nas palavras trémulas
no sofrimento domesticado
na memória adúltera
na esperança interrompida
questionámos o mundo
caminhámos
disfarçados de herois

na escuridão da noite
aquecemos os sonhos
cobertos de pudor
acariciados de sorrisos
temperados de nostalgia
com cheiro a ternura
resistimos


sábado, 22 de novembro de 2008

EMBRIAGADO DE INCERTEZAS



A tortura das palavras,
rodeadas de ternuras
de mágoas e agressões,
desconstroem vidas
na aridez dum tempo
imaginado no vazio de
existências
embriagadas de incertezas
caminhando sem destino

temperando paixões
embebidas em palavras
tatuadas de carícias
estimuladas
no imaginário de desejos
vestidos de afectos
viajámos na esperança
mobilada de sonhos
percorridos por nós

sábado, 27 de setembro de 2008

CUMPLICIDADE


subverter o amor e reinventá-lo
clandestinamente
renascendo no calor dos desejos,
reduzindo a cinza as interferências
de predador ressabiado
refugiado na funesta
mediocridade dum sub-mundo
mergulhado em indignidades

alimentando afectos
incendiando sentidos
adormecidos
na esteira das nossas vidas
partilhadas na terra húmida
das madrugadas reeditadas
nos anexos do amor
por nós habitado

domingo, 7 de setembro de 2008

FÉRIAS


Vou de férias, duas ou três semanas.
O Poesia interrompe
Aos visitantes um até breve

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

DENÚNCIAS CRUZADAS




distante e próximo de ti
protegido pelo teu olhar
acarinhado pelo teu sorriso
exilado nos teus braços
Questiono o silêncio
Descrente, ostracizador
De dúvidas e inquietudes

datadas
adiadas e repelidas
atraídas e acarinhadas
num vai-vem constante
confirmador e céptico
de paixões e ciúmes
asfixiantes

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

VAGUEAR POR TI

Gostaria tanto de te escrever
com palavras quentes mesmo que toscas!
Desenhar-te, percorrendo-te
Escavar na medula das tuas paixões
Vaguear por ti, madrugando-te
Perfumar-te de desejos
Repousar no teu sorriso
Construir poesia com o teu olhar

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

SEREIAS




No imaginário da minha iniciação marítima,encontrei, e deliciei-me,com o convívio com belas sereias.
Esculturais, de caudas majestáticas, seios redondos e irresistíveis ao tacto.
Percorri-as como se viajasse num mar rodeado de afectos com ondas crescentes de desejos incomensuráveis.
Sedutoras e sonhadoras como eu.
Habitámo-nos pela madrugada e ao cair do sol, invariavelmente!
A ideia de as procurar, nadando longas distâncias, sempre me seduziu.
Foi assim que encontrei estes seres mágicos.
Preencheram muitos dos meus sonhos de marinheiro frustrado.
Habitando no alto-mar onde me poderia refugiar?
Seus desejos, são como as ondas, imprevisíveis e incontroláveis
Talvez, a esta hora, elas me estejam habitando, doce e silenciosamente.
Sim, talvez num exercício de masoquismo, me tenha que submeter às suas implacáveis carícias. Talvez amanhã me lance, de novo, ao mar

quinta-feira, 31 de julho de 2008

IMPLODE A PAIXÃO


Pega num sonho,
aquece-o com o teu corpo
Junta-lhe umas pitadas de afecto
e de generosidade.
Incendeia os desejos.
Tempera-os a gosto
Implode a paixão
que habita em ti.
Finalmente, mistura -lhe fome
de ternura
Serve-o fresco ,
acompanhado de ti

domingo, 27 de julho de 2008

ESCREVI UM SONHO


Adormeci no interior de palavras
aquecidas com o calor do teu corpo.
apelei aos sentidos.
no sangue e nas células
que alimentam os nossos afectos
incendeiam desejos
habitados por nós


escrevi um sonho
com imagens colhidas
nos nossos encontros
viajei pelo teu corpo
procurando-nos
num diálogo de surdos
renovado de esperança

quinta-feira, 24 de julho de 2008

DUNAS DE TERNURAS

procurámos a ternura
em beijos trémulos
indecisos
corpos suados
viajantes de sonhos
percorrem
espaços de afectos




deserto de estrelas
dunas de ternuras
noites preenchidas
rasto melódico
imagem indelével
mais uma noite, mais um sorriso
aprisionado de silêncios



quarta-feira, 23 de julho de 2008

MARINHEIRO


sonhei que era marinheiro
aprendi traçar a rota,
tirar ventos
Subir e descer velas
viajar pelo alto-mar
Contemplar o oceano
dormitar no convés
naveguei à vista





cruzei-me com sereias
de cauda translúcida
seios rijos e elegantes
lindas
com sorriso invisível
excitadas no olhar
perturbador, envolvente
enigmático como o sonho

segunda-feira, 21 de julho de 2008

AS PALAVRAS

Com gotas de palavras
Acaricio o teu corpo
Envolto em magia e perfume
Com elas amenizo a ausência
Me aproximam de ti
Modificam destinos
Descobrem ilhas





Com a força das palavras
Preencho vidas e silêncios
Desperto-me magia e força
Enigmas de cores e sensações
Derrubo muros
Construo afectos
Atenuo a solidão








sexta-feira, 18 de julho de 2008

VIAJANDO NA NOITE



No seu peito
acendem-se as memórias
dos primeiros contactos
ocultos no silêncio
cúmplice
de desejos reprimidos
por memórias gélidas


Na floresta dos delírios
dos teus lábios carnudos
reencontro e habito-te
no segredo das sombras
abro as janelas das estrelas
viajamos na noite


segunda-feira, 7 de julho de 2008

PRISIONEIRO


Prisioneiro do teu sorriso
buscarei a sombra do teu corpo
a musica , o perfume
as cores das outras vidas
o brilho do olhar ancorado
na pele das palavras
cicatrizantes

o brilho dos seios rijos.
protegidos por mãos
experimentadas
iluminam o desejo
nas noites temperadas
de carências recriadas
de prazer envolvente

IMAGEM DAQUI

quinta-feira, 19 de junho de 2008

SOLIDÃO


Na solidão suburbana
Onde a multidão se perde
Entre tristeza e tristeza
Adormecendo as palavras
Mastigando os silêncios
Das palavras nuas

Transportar a esperança
Amar as estrelas
percorrer a memória
incendiar a paixão
temperada nas noites
húmidas e adiadas

IMAGEM DAQUI

terça-feira, 17 de junho de 2008

HABITAR-TE


Quero habitar-te
nos teus ombros nus
repousar as mãos
deslizar sem destino
vigiar o olhar
ancorar os receios
adormecer-te


à noite,
na esteira de todos os dias
despir-te as mágoas
reproduzir-te
nos sons ritmados
no quintal dos afectos
e na ternura das madrugadas
IMAGEM DAQUI

quarta-feira, 11 de junho de 2008

JARDINS DA INSÓNIA



RECORDANDO UMA PESSOA MUITO ESPECIAL

sobre a esteira das nossas vidas,
único acolchoado disponível
de afectos envergonhados
e confidencias violadas
projectámo-nos
sorrimo-nos

com ácido escreveremos
nas paredes da intolerância
que a ternura não se abate
saberemos preservá-la
reproduzindo-a
nos jardins da insónia
IMAGEM DAQUI

sexta-feira, 6 de junho de 2008

ITINERÁRIOS DA ESPERANÇA



a fuga
nascida nas ruínas
dos vocábulos
construtores de afectos
escavados
nas noites ao relento
percorre-nos
respira-nos
humedece-nos

também a chuva
sempre ela
desperta
a beleza e o perfume
que espreita
das janelas das nossas vidas
entreabertas nos itinerários
da esperança
reencontrada

sexta-feira, 14 de março de 2008

NA CASA DE MADEIRA E ZINCO


É sobre nós, Maria!


Na capulana das promessas
adiadas
com ela me percorri
vagueei nos silêncios
da fome de ternura
buscando suas formas
prisioneiras
de corpos distantes




na casa de madeira
a chuva protesta

minha boca se inclina

ela sorri

enrola-se na noite

da paixão descoberta

desprendendo cheiro

a manga e canela


refugiado nas nuvens

carregadas de afectos

repouso o olhar

viajo-lhe o corpo

no silêncio cúmplice

adormeço, embriagado

de sonhos

pintados de fresco


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A REINVENÇÃO DOS AFECTOS


Reinvente-se o amor,
a paz, a tolerância.
Reinventem-se os herois,
e os amigos.
Reinvente-se a mulher,
a ternura, os afectos.
Reinventem-se as formas e
a destruição das armas
Reinventem-se os déspotas e
os despojados
Reinventem-se os traficantes
a carne e a droga
Reinvente-se a vida
os mortos e os famintos
Reinvente-se o poder
o estado e as suas ausências
Reinvente-se tudo,
ou quase
E agora, reinventamos o quê?
Nada
Absolutamente nada
Porque agora
É urgente
é imperioso
descobrir um mundo
admiravelmente
novo
sem amarras
sem profetas
e oprimidos
e charlatães

IMAGEM TIRADA DAQUI