sábado, 26 de setembro de 2009

MIGRANTES: CIDADÃOS INVISÍVEIS



No exílio
Os silêncios gritam
ambiguidades
pensamentos ausentes
lágrimas vestidas de raiva
impotência acomodada

Os exilados
noutras geografias
polvilhados de nostalgia
de recusa e ostracismos.
perseguidos ou indiferentes
percorrem as ruas
da sobrevivência
convocando a amnésia
histórica adquirida.

No exílio
tragédias pessoais
crise identitária
pragmatismo
reprodução e regresso
ao(s) passado(s)
do outro
e de ninguém

Os exilados
pedreiros, estudantes,
mulheres a dias,
funcionários públicos
freiras e prostitutas
políticos arrependidos
quadros superiores
músicos, desportistas
representam esta multidão
heterogénea e descrente
ingénua e desconfortável
carne para canhão
bode expiatório
moçambicano, chinês
mexicano ou português

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DESPERTO

aguardo-te,
liberto dos silêncios
amordaçados
de vidas cruzadas
finalmente, desperto
ao amanhecer dos sonhos
exilados nos alvéolos
dos nossos desejos
quero trepar os muros
da noite
iniciar uma excursão
pelas entranhas dos afectos
percorrer-te
com a nostalgia
das madrugadas inquietas
coloridas pelo teu sorriso
e pelo teu olhar
povoados de ternura

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

RAMOS DE DESEJOS

debruçado na noite
na ternura da madrugada
abri as janelas

da esperança
despi as angústias
de palavras inúteis
na sonolência dos afectos
respiro o odor da tua pele
beijada de carícias
na memória dos encontros
recordo o perfume
dos teus seios
vejo nos teus olhos
ramos de desejos
da cor dos meus

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

OVERDOSE DE AFECTOS


adormecido ao lado do sonho
nascido e naturalizado
numa overdose de afectos
naquela noite de Agosto
iluminada em círculos
de sedução concêntrica
prolongou-se a madrugada
na adolescência de promessas
amanhecidas na infância
de desejos habitados
no imaginário moldado
no despertar libidinoso
escavado nas entranhas
perfumadas por deuses
exilados em noites
rodeadas de ternura

imagem daqui