quinta-feira, 28 de maio de 2009

À PROCURA DE UM POEMA


No miolo das palavras
antecipo o sabor e o cheiro
de poemas intactos
desertores forçados
abandonados no tempo
de visibilidade nebulosa
invadidos pelo desalento
pelo medo e pelas armadilhas
de adjectivos à solta
barricados nas fronteiras
da linguagem blindada
opaca e obscura

rasgo entranhas
de pensamentos ociosos
cinzentos e incoerentes
ambíguos e frios
ausentes também
polvilhados de mágoas
percorrendo corpos
vasos e tecidos
à procura dum poema
refugiado no sangue
dum sobrevivente
doador de sonhos

2 comentários:

mariam [Maria Martins] disse...

Agry

belo, forte e profundo poema!

"...barricados nas fronteiras da linguagem blindada..."


um abraço e o meu sorriso :)
mariam

Ximbitane disse...

E sonhar nao é proibido, não importa sequer a dimensao do sonho!