sábado, 26 de setembro de 2009

MIGRANTES: CIDADÃOS INVISÍVEIS



No exílio
Os silêncios gritam
ambiguidades
pensamentos ausentes
lágrimas vestidas de raiva
impotência acomodada

Os exilados
noutras geografias
polvilhados de nostalgia
de recusa e ostracismos.
perseguidos ou indiferentes
percorrem as ruas
da sobrevivência
convocando a amnésia
histórica adquirida.

No exílio
tragédias pessoais
crise identitária
pragmatismo
reprodução e regresso
ao(s) passado(s)
do outro
e de ninguém

Os exilados
pedreiros, estudantes,
mulheres a dias,
funcionários públicos
freiras e prostitutas
políticos arrependidos
quadros superiores
músicos, desportistas
representam esta multidão
heterogénea e descrente
ingénua e desconfortável
carne para canhão
bode expiatório
moçambicano, chinês
mexicano ou português

2 comentários:

carmen disse...

A sensibilidade e o humanismo, características únicas de raros mortais! Felizmente, é um deles!

mariam [Maria Martins] disse...

Agry,
agora arrepiei-me, sabe tenho um post engendrado com este título e com a música 'clandestino'de 'Mano Chao...

fantástico este poema! parabéns.

um abraço
mariam